Em maio/junho deste ano, realizei o Workshop "Quero Amamentar o meu bebé" para grávidas e mamãs na Academia Leva-me ao Colo. Durante o workshop recebi um feedback que confesso que não esperava. Muitas mães referiram que já tinham saído da maternidade com leite artificial.

Não sei as condições em que essa introdução de leite artificial foi feita, nem a real necessidade de o fazer. Não acompanhei essas mães na maternidade, por isso não me é possível avaliar essas circunstâncias. O que é certo, é que os bebés são, cada vez mais, inadvertidamente desmamados. Não por vontade da mãe, mas como consequência de medidas que nada favoreceram a continuidade da amamentação. Isso é tão triste.

Se houvesse uma CAIN no serviço de obstetrícia, a introdução e a forma como esta acontece, seria tão leviana?

Se houvesse uma CAIN no centro de saúde onde a mãe e o bebé são seguidos, haveria tanta pressão na evolução do peso do bebé e inadequada introdução de leite artificial?

Se houvesse uma CAIN a acompanhar as famílias, a introdução da alimentação complementar seria mais serena e respeitadora do desenvolvimento natural do bebé?

Se tu estivesses lá para aquela mãe que quer muito amamentar, mas que não foi guiada nesse sentido, poderia o desfecho ser tão diferente.

É impactante, e às vezes, angustiante, perceber que existe tanta desinformação, tanto descrédito no desejo de a mãe amamentar, tão poucos recursos para auxiliar as famílias, que chega a ser frustrante para nós, enquanto profissionais da área. É muito importante haver CAINs para ajudar estas mulheres. Porque a realidade é que elas precisam de nós.

SE NÃO DIVULGARES, NÃO SE SABERÁ

Não basta existir. Tens que te dar a conhecer às grávidas, às recém-mamãs, aos profissionais que as acompanham (e que colocam as necessidades da mãe e do bebé em primeiro lugar). Enquanto profissional, é essencial divulgares a CAIN para que todas estas pessoas tenham a oportunidade de requerer ou aconselhar os teus serviços. Com base no teu conhecimento especializado na área da amamentação e introdução alimentar, és o profissional adequado, com competências específicas, e todos eles têm que saber isso.

Através das redes sociais, de parcerias com outros negócios que lidam com grávidas e recém-mamãs, da realização de workshops, divulga a tua profissão, na tua zona de residência ou sem limitação de fronteiras. O que fizer sentido para ti. Se não se souber quais os teus serviços, como vai alguém adivinhar o que podes fazer por ela?

A verdade pura e crua é que a maior parte dos profissionais de saúde, com quem a mãe se cruza durante a gravidez, o parto e o pós-parto, não domina a área da amamentação. Não é a minha opinião. Não é a opinião da equipa Leva-me ao Colo. É a constatação de milhares de relatos de mães que passaram por essas situações. Não só das mães que acompanhamos, mas também de profissionais de saúde que, a dado momento das suas vidas, se tornaram também elas, mães, e adivinha?... Também tiveram dificuldades e confirmaram que, o fato de serem profissionais de saúde não significa que dominavam a amamentação.

Para além disso, o Sistema Nacional de Saúde não permite aos profissionais que detêm formação especializada na área da amamentação, despenderem de tempo efetivo do seu horário de trabalho com todas as mães que precisam de orientação personalizada. Existe uma grande lacuna desta área no nosso sistema.

As mães precisam de ti.

Os bebés precisam de ti.

As famílias precisam de ti.

Sai para o mundo e faz a diferença agora!