Se és empreendedora ou tens vontade de o ser, já te deves ter deparado com este contexto. Uma das partes mais difíceis em dar o salto para o mundo do empreendedorismo é exatamente desprenderes-te do rebanho. É trocar o certo pelo incerto, o seguro pelo desconhecido, a estabilidade pela iniciativa constante, o ensinado pelo inexplorado.
Esta dificuldade foi-te incutida desde muito cedo, pela sociedade, de forma mais ou menos incisiva. Por isso é tão difícil pensar e fazer fora da caixa, num modelo em que é esperado que sigas o pré-definido.
A sociedade prepara-te para trabalhares por conta de outrem. Se pensares nisto, de determinado ponto de vista, é algo desejável para que não haja muitas pessoas no domínio da economia e se restrinja a um pequeno grupo de pessoas. Mas não quero entrar numa conversa política ou económica.
Na prática, não é na escola que aprendemos a ser empreendedores e empreendedoras. É mais comum as crianças referirem profissões que estão dependentes de algum órgão, é natural, é isso que lhes é mostrado.
A verdade é que, quando temos uma ideia, e pensamos um pouco fora da caixa, como a sociedade está orientada para seguir o padrão e tu não vais de encontro ao padrão, faz com que a pessoa não se sinta incluída, de alguma forma.
Dou o meu exemplo.
Quando exercia funções no hospital, ao comentar que trabalhava na área do apoio à amamentação através de cursos e acompanhamentos online, os meus colegas não percebiam como conseguia eu ganhar dinheiro com isso. Consideravam que ajudar na amamentação era algo, aparentemente, tão banal e gratuito por outras vias, que não lhes fazia sentido eu ter uma fonte de rendimento através disso. Achavam algo estranho, não usual, não se enquadrava no leque “normal” de profissões a seguir.
Pensar fora da caixa tem muito que se lhe diga. Tem desafios que os outros tipos de trabalhos não têm. Mas tem também uma certa singularidade que, quando tu entrares neste mundo, vais perceber. E não vais querer outra coisa. Não vais querer mais entrar no rebanho!
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